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Brasil precisará importar algodão ao final de 2013

2020-02-15 17:13:41

O Brasil precisará importar cerca de 200 mil toneladas de algodão ao final deste ano para atender à indústria têxtil, uma vez que a oferta local será insuficiente para cobrir a necessidade do setor, estimou o presidente da associação que reúne produtores da pluma.

Esse volume, previsto para ser importado entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, é expressivo na comparação com as 3,5 mil toneladas importadas em todo o ano passado, quando a oferta foi grande após duas grandes safras em 2011 e 2012.

Nos próximos meses, o país não terá necessidade de realizar compras externas pois poderá contar com sua safra à medida que uma colheita menor em 2013 avança.

“Com a alta do dólar, a indústria brasileira também passa a ficar competitiva (para exportar)… E o mercado interno está mais aquecido, vai ter que usar estoque, e importar entre dezembro e janeiro”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso.

No balanço feito pela associação, a produção de 2012/13 foi estimada em 1,25 milhão de toneladas, mas deste total 450 mil toneladas estão compromissadas com exportações, que já contam com linhas de financiamento ACC (adiantamento sobre contrato de câmbio).

Contudo, a demanda anual da indústria têxtil brasileira é estimada em cerca de 1 milhão de toneladas, o que implicaria na necessidade de importar para cobrir à esperada demanda do setor.

Há cerca de três anos, o Brasil teve de importar volumes expressivos em função da oferta restrita de algodão no país, situação semelhante com a atual.

PREÇOS

A Abrapa aponta o preço médio atual pago no mercado interno perto de 68 reais por arroba, comparado a cerca de 62 reais por arroba no mercado externo, em cálculo que considera um dólar de 2,20 reais.

Os produtores vêm reivindicando junto ao governo a elevação do preço mínimo no Plano Agrícola e Pecuária, usado como referência para eventuais instrumentos de apoio em caso de forte baixa das cotações, como forma de manter o estímulo para incremento da produção nacional.

No plano de safra anterior, o preço mínimo foi de 44,60 reais por arroba, em comparação ao custo estimado de produção entre 60 e 61 reais por arroba para o ciclo 2013/14, de acordo com a Abrapa.

Apesar de já ter lançado o Plano Agrícola e Pecuário da atual safra, o governo ainda não publicou o valor do preço mínimo, que, na avaliação da Abrapa, deveria subir para 61 reais por arroba na temporada 2013/14, quando se espera uma grande produção.

“O Brasil foi o terceiro maior exportador de algodão do mundo no ano passado, agora precisará importar. Esperamos que o governo se sensibilize”, observou Pinesso.

Os principais exportadores mundiais da pluma são os Estados Unidos e a Índia.

A expectativa inicial é de um aumento da área plantada entre 20 a 25 por cento em 2013/14. Uma estimativa que pode crescer dependendo da sinalização do governo para o preço mínimo, ponderou o executivo.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou a área cultivada em 2012/13 em 895 mil hectares, com retração de 36 por cento ante o ciclo anterior, por preços mais baixos do algodão e a firmeza vista em outras commodities que levaram produtores a optar pelo milho e soja em detrimento da pluma.

ATENÇÃO

A colheita do algodão 12/13 está na fase inicial em Mato Grosso, maior produtor nacional, e atingiu 30 por cento do total cultivado no oeste da Bahia, segundo produtor brasileiro.

Os produtores da Bahia seguem atentos aos danos da helicoverpa, uma lagarta que já existia na região, mas que no último ano-safra infestou as lavouras provocando fortes perdas.

Pinesso disse que a combinação de incidência de pragas –com a lagarta helicoverpa e o bicudo– e o clima seco reduziram a produtividade do algodão na Bahia nas duas últimas safras a cerca de 220 arrobas por hectare, contra uma média de 280 a 300 arrobas por hectare tradicionalmente.

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